A minha Lista de blogues

sábado, novembro 01, 2025

Os Mortos Também Falam

“Na morte, não somos todos iguais”, diz a escritora Rafaela Ferraz, autora do livro “Portugal de Morte a Sul” (editado pela Quetzal), um ensaio sobre a mortalidade e também um roteiro de visitas aos cemitérios mais icónicos do país. Licenciada em Criminologia e mestre em Medicina Legal, a investigadora costuma citar o historiador Fernando Catroga, autor de “O Céu da Memória”, que se refere ao cemitério como “o campo santo da desigualdade”. Se o cemitério é uma continuação da cidade, é natural que seja também uma continuação das suas hierarquias, observa Rafaela. Na véspera do Dia de Todos os Santos e do Dia dos Finados, conversámos sobre as muitas histórias que os cemitérios nos contam - porque “os mortos também falam”.

https://www.jornaldenegocios.pt/weekend/detalhe/rafaela-ferraz-na-morte-nao-somos-todos-iguais?

quinta-feira, outubro 30, 2025

Novilíngua Montenegro

Há obras literárias que são perenes e intemporais e deveriam ser de leitura obrigatória nas nossas escolas e universidades. É o caso do 1984 de George Orwell que é sempre de uma atualidade espantosa. Esta semana foi o Primeiro-Ministro Luís Montenegro (também conhecido por Spinumviva) a vir desmentir que não deu orientações para fazer "cortes" nas despesas dos hospitais mas que deu, sim, orientações para "optimizar recursos". A Novilíngua de Orwell em todo o seu esplendor. Depois não querem que tipos como eu deixem de pôr os pés nas urnas. Já não há paciência para tanta manigância, neste jogo de enganar parolos.

https://www.jn.pt/nacional/artigo/despesa-do-sns-nao-ha-nenhuma-orientacao-para-cortar-o-que-quer-que-seja-diz-montenegro/18014091?

sábado, outubro 25, 2025

Sobre A Farsa Estatal Da Educação Inclusiva

“Nós, professores de educação especial, sentimo-nos a enganar os encarregados de educação. Apesar de alertarmos, não estamos a prestar o serviço que deveríamos prestar aos alunos. Estamos a fazer um acompanhamento de armazém em que recebemos os alunos e estamos a acompanhá-los só para chegarem ao fim do dia sem problemas”

https://www.publico.pt/2025/10/23/newsletter/educacao

Hoje, no jornal Público com o título "A máquina do Estado falha na educação inclusiva".

quinta-feira, outubro 16, 2025

Voltando À Lucidez e Racionalidade

 "No passado dia 30 de Setembro, as projeções do Instituto Nacional de Estatística (INE) traçaram o retrato de um país mais vazio e envelhecido até 2100. Os Açores e a Madeira, hoje entre as regiões mais jovens, liderarão uma transformação demográfica profunda, enquanto o Norte se tornará a região mais envelhecida do país. No mesmo dia, o Parlamento aprovou a nova lei de estrangeiros. Não há coincidências. É o futuro a chamar-nos.

Pode um país encolher sem desaparecer? Pode, e Portugal caminha nessa direção. Os números não mentem: em 2024 éramos cerca de 10,7 milhões de habitantes. Em 2100, seremos entre 5,4 milhões (cenário baixo) e 11,5 milhões (cenário alto). O cenário central, isto é, aquele que os especialistas consideram mais provável, aponta para 8,3 milhões. A pergunta não é se vamos diminuir. É como vamos lidar com a diminuição populacional.
O que estes dados (extraídos dos quadros síntese, INE, Projeções Demográficas 2025–2100) mostram é uma mudança profunda. Seremos menos, mas sobretudo seremos mais velhos. Em 2024 havia 192 idosos por cada 100 jovens. Em 2100 poderão ser mais de 400 idosos para cada 100 jovens. A pirâmide etária deixa de ser pirâmide e transforma-se num obelisco. Haverá menos jovens, muito menos. Se em 2024 havia mais de um milhão e trezentas mil crianças, em 2100 poderão ser menos de um milhão. Haverá também menos população ativa. Os atuais quase sete milhões de adultos em idade de trabalhar podem transformar-se em pouco mais de quatro. Os idosos, esses, não desaparecem. Trabalharemos mais anos porque viveremos mais tempo, os homens perto dos 90 anos, as mulheres perto dos 95. É isto mau? Não. Nem por isso. Viver mais é um triunfo da ciência e da sociedade. Mas, por outro lado, viver mais sem reposição de gerações é viver de costas voltadas para o futuro.
A fecundidade mantém-se teimosamente baixa. Em 2024 era de 1,4 filhos por mulher. Em 2100, as projeções apontam para 1,3 a 1,6. Muito abaixo dos 2,1 filhos necessários para substituir gerações. Muito menos mulheres para poderem, querendo, ter filhos. Não é apenas uma questão de escolha. É sobretudo de condições. Salários curtos para meses longos, habitação cara, instabilidade no trabalho. Não faltam razões para adiar ou evitar filhos. O resultado é inevitável: menos nascimentos, menos renovação, mais envelhecimento. A economia encolhe, os sistemas de pensões e de saúde ficam em risco. É inevitável? Não.
Mas não é aqui que está o pêndulo do futuro. Está na migração. Em 2024, o saldo migratório foi positivo, com mais 143 mil pessoas a entrar no país do que as que emigraram. Sem esse contributo, Portugal cairia rapidamente para o cenário mais pessimista. Em 2100, a diferença entre seis milhões e onze milhões de habitantes depende da capacidade de atrair e integrar migrantes. A imigração não é ameaça, é redenção. É uma oportunidade. É a linha que separa um país em declínio de um país que, mesmo envelhecido, continua vivo e dinâmico. É a diferença entre ter escolas fechadas ou salas cheias, entre lares vazios e cidades vivas.
O país não é homogéneo. As desigualdades territoriais reforçam-se hoje e nas projeções para o futuro. O litoral atrai, o interior perde. O Norte, outrora a região mais populosa, acabará ultrapassado pela Grande Lisboa. O litoral urbano continuará a atrair população e diversidade. O interior rural continuará a perder e, concomitantemente, a envelhecer. Mais aldeias sem gente, mais vilas transformadas em espaços fantasma. A diversidade cultural chegará primeiro às grandes cidades: vizinhos que nasceram em outros continentes, filhos que partilham carteiras com colegas de línguas diferentes, mercados onde o mundo se encontra. Mais línguas, mais culturas, mais tensões, mas também mais futuro. Isso é uma ameaça à identidade? É futuro.
O problema não está nos números. Está na inércia. Está em aceitar o envelhecimento como fado, a emigração como destino, a imigração como ameaça. Está em não agir. As projeções não são sentenças, são cenários. Mostram-nos o que pode acontecer se nada mudar. E nada mudar é a escolha mais perigosa de todas. O que estes dados do INE nos dizem não é que o futuro está fechado. Dizem-nos que ele está aberto, mas exige escolhas. Portugal 2100 pode ser um país velho, isolado e encolhido. Mas pode ser também mais diverso, mais aberto, mais solidário. O futuro não está escrito na curva estatística. Está escrito nas decisões que tomamos hoje. A demografia anuncia o caminho, mas não o determina. O país que seremos cabe-nos a nós construir."

Pelo sociólogo Pedro Góis.

https://www.publico.pt/2025/10/11/opiniao/opiniao/portugal-2100-menos-velhos-diversos-2150407?

terça-feira, outubro 14, 2025

Cancelado

As eleições autárquicas de 2025 já tiveram consequências neste facebook. Tive que fazer uma ligeira operação de emagrecimento, no que na linguagem neoliberal da gestão se designa por downsizing. O motivo foi um almoço-convívio de ex-jogadores do futebol juvenil do Louletano Desportos Clube feito na véspera das eleições para o qual não fui convidado. Tendo jogado em todos os escalões do futebol jovem e sénior do L.D.C., o facto de não ter sido convidado, tem o sabor a exclusão e a cancelamento. Suponho que a razão maior para não me terem convidado foi a presença do candidato do PS Telmo Pinto e do diretor de campanha do PS para estas eleições e também obviamente por nunca ter sido craque ao nível dos supercraques que estiveram presentes no almoço. O que torna a coisa mais grave, é o facto de se ter usado as memórias históricas do futebol juvenil do Louletano para efeitos de propaganda e manifestação de apoio eleitoral ao candidato do PS. Assim sendo, se não sirvo para o repasto na vida real também nada justifica a presença de alguns desses meus amigos virtuais. O meu facebook fica mais tranquilo e menos cínico e os meus ex-amigos podem continuar na sua eterna felicidade, alguns deles na boa esperança da ida ao pote. Não bastava já ter sido cancelado pelo Dr. Aleixo que me disse taxativamente que jamais me receberia na Câmara Municipal de Loulé, faltava agora ser cancelado (termo muito em voga na atualidade) pelo grupo de amigos do Pinto que fizeram do futebol jovem do Louletano uma operação de propaganda eleitoral. Sobra ainda uma questão, o Presidente do S.C. Campinense esteve também presente no encontro, é sabido que é um indefetível apoiante do Dr. Aleixo. Não consta nos anais do L.D.C, que alguma vez tenha vestido a camisola do Louletano. Pode-se imaginar as razões por que esteve por lá.



segunda-feira, outubro 13, 2025

Autárquicas, Loulé 2025

Uma análise detalhada aos resultados eleitorais no concelho de Loulé lança pistas interessantes que nos deixam curiosos sobre como vai o Partido Socialista assegurar a governabilidade do concelho. Telmo Pinto herda um concelho profundamente dividido eleitoralmente. O Partido Socialista ganha a Câmara Municipal por escassas dezenas de votos (79) de distância da aliança de direita, com o Chega a ser a terceira força política do concelho. A vitória de Telmo Pinto é obviamente poucochinha. O PS elege 4 vereadores, a coligação de direita "Fazer melhor" elege 4 vereadores e o Chega fica com 1 vereador. Como se isto não bastasse, a direita ganha a presidência da Assembleia Municipal e os seus deputados municipais na Assembleia Municipal estão em maioria. A aliança PSD/ILCDS/PP ganhou nas freguesias do interior profundo do Algarve e na grande freguesia urbana de Loulé (São Clemente), ficando o PS com São Sebastião, Tôr, Boliqueime e Quarteira. Vai ser muito interessante saber se em Loulé vamos ter um grande Bloco Central, se o PSD se vai aliar ao Chega como força de bloqueio e de oposição na autarquia, se o PS se vai aliar ao Chega para fazer aprovar medidas de política e orçamentos municipais, ou se vamos ter uma governação de geometria variável. No limite, poderemos ter um executivo bloqueado e do outro lado, as linhas vermelhas em relação ao Chega a serem frequentemente violadas para se assegurar a governabilidade. Dias interessantes se aproximam na política local e com elevada probabilidade de consequências de médio e longo prazo para a vida partidária. Já as esquerdas deitaram-se na cama que fizeram estes últimos anos, ao serem meros apêndices do Partido Socialista foram erradicados da Assembleia Municipal onde ainda sobreviviam. Bloco de Esquerda e PCP não elegeram deputados municipais, perdendo os que tinham. É da vida.



Autárquicas 2025

Alguns destaques da noite eleitoral autárquica. O Partido Socialista perde a Associação Nacional de Municípios e perde as duas grandes metrópoles Lisboa e Porto. Ganha algumas importantes capitais de distrito e no Algarve recupera o seu bastião político com uma enorme vitória em Faro e uma vitória de Pirro em Loulé. O Chega perdeu no jogo das expetativas mas cresce de forma significativa face às eleições autárquicas de 2021 e conquista as suas primeiras Câmaras com destaque para Albufeira. O PCP continua o seu caminho de sobrevivência política, enquanto o Bloco de Esquerda nem sequer já elege uma flotilha do tamanho de um táxi. O PAN e o Livre são quase inexistentes na política local e a Iniciativa Liberal é outro dos grandes derrotados da noite. Uma eleição que reforça o PSD a nível nacional e que foi uma lufada de sobrevivência para o líder socialista Carneiro. Vêm já aí as Presidenciais.

domingo, outubro 12, 2025

Uma Vitória Poucochinha do Pinto

Autárquicas Loulé. As minhas figas não resultaram. O Pinto ganhou para mal dos meus pecados mas parece-me estar metido numa alhada se a direita se aliar em Loulé, quer na Câmara Municipal quer na Assembleia Municipal. Com o Pinto veio a confusão. A ver vamos como este nó vai ser desatado. Não me parece que o Pinto tenha ethos democrático para fazer face a este estado de coisas. Já o General perdeu a Assembleia Municipal para o bem comportado Silvério. Com muita pena minha, pois assim já não vou ter quem me ameace de expulsão da Assembleia Municipal de Loulé por as minhas intervenções não agradarem ao seu partido. Como se não bastassem as mentiras do Aleixo, do Pinto e do vereador meio analfabeto, em plena Assembleia Municipal.



terça-feira, outubro 07, 2025

A Torcer Pelo Sapo Cocas

E portanto, após uma profunda reflexão, já decidi. Nestas eleições autárquicas vou votar Tiririca. Pior que está não fica. Ainda pensei votar no Zé Maria de Barrancos, mas soube que o barranquenho não se quis candidatar a Loulé porque está com um vidinha estável e vir para as terras de Loulé era pior que voltar a entrar no Big Brother. Assim sendo, já ficarei muito satisfeito se a dupla Aleixo & Pinto for varrida do mapa autárquico (estou a fazer figas) nem que seja o Sapo Cocas a ganhar cá na terreola.



sábado, outubro 04, 2025

Odiozinhos, Ideais e Convições

É extraordinário que alguns dos jovens turcos do Bloco de Esquerda, partido que está à beira da irrelevância, que criticavam veementemente a minha intervenção cidadã fora da esfera partidária, apareçam nos dias de hoje nas posições mais inusitadas. Desde o jovem crente nos ideais do Bloco de Esquerda que depois de despedido pelo partido teve que se fazer à vida numa imobiliária tipo Remax, até à jovem cujos ideais e convições de esquerda se transmudaram agora para coligações de direita aliadas à Iniciativa Liberal. Tudo bem. o que não falta por aí são ex-trotskistas e maoístas que acabaram na direita mais reacionária. Tinham dispensado é o odiozinho de esquerda à minha pessoa, aos meus posicionamentos políticos e aos meus ideais. Isso sim, tinha sido dispensável.

quarta-feira, outubro 01, 2025

A Era Do Absurdo

O meu filho Miguel adoeceu na Segunda-Feira. Faltou Segunda à tarde à escola, ontem e hoje. Ontem fomos ao médico que passou a justificação médica da ausência. Hoje recebo um email da Escola Secundária de Loulé a informar das faltas injustificadas, todas, com o puto ainda doente. Espero que tenha sido uma mensagem da Inteligência Artificial porque se foi de um Humano entrámos na Era do Absurdo. É extraordinário como as instituições e organizações sociais perderam a razão e estão gravemente doentes. Em nome da eficácia, claro, e da "exigência" e da "excelência". Alguém que me indique outro planeta para viver que isto não está nada fácil.

terça-feira, setembro 30, 2025

E Não Se Pode Antecipá-las?

Não se pode antecipar as eleições em duas semanas? É que eu não sei se os vou aguentar até lá. Já não se pode. Em Loulé as esquerdas faliram, o PS é a seita manhosa e maledicente de sempre, o PSD é uma futura central de negócios e pensar que a extrema-direita pode ganhar as eleições é um circus de horror. É baralhar, jogar as cartas ao ar e ver quem ganha. Da minha parte, vai um manguito à Zé Povinho. Já não há paciência para tanto vendedor de banha da cobra.